Quando você me encontrou eu tava que nem um cachorrinho abandonado: perdida, sem casa, sem ninguém e sem saber para onde ir.
Tava doendo, eu tava sofrendo, não por ter perdido alguém, mas por ter ninguém, de novo.
Nem sei como viemos parar aqui, tudo passou tão rápido.
Parece que aquela pessoa morreu, ela não é mais eu, também não sou mais ela.
Naquele tempo, tudo que eu queria era ficar bem, ficar bem sozinha, não precisar de ninguém.
Dormir, dia após dia, na minha cama, sem a necessidade estúpida de alguém para me abraçar.
Fazer minha própria comida, ler os livros que estão empilhados aqui e que, ao estar com alguém, não me permito ler.
Estudar, ganhar dinheiro, sair desse buraco, desse quarto, dessa pobreza de espírito.
Ver outras coisas, ao invés de ficar esperando por alguém que me amasse ou contemplando o respirar de outra pessoa.
Foi quando estava sozinha que realizei mais. Tinha que apelar para outras coisas para aguentar o "estar só", que é tão difícil pra mim.
Eu sabia que era uma fase ruim, sabia também que ia passar, apesar de estar demorando mais que o esperado.
Você me deu sua mão pra eu não ter medo.
E disse que estaria comigo.
Eu demorei a acreditar, nem queria acreditar, mas acreditei.
Agora entendo que não é possível.
Mais uma vez chego a essa conclusão.
Dizem que a gente tem que passar pela mesma situação quantas vezes forem necessárias até que se aprenda a lição que a vida quer ensinar. E essa situação já me aconteceu em tantas situações...
Você não pode estar lá sempre. Ninguém pode.
Às vezes, vou ter que segurar, eu mesma, nas minhas próprias mãos. E rezar pra que as coisas deem certo.
Noutras, não haverá mesmo ninguém nem nada pra me socorrer. E terei que, com minhas próprias forças, sarar sozinha.
Tenho que aprender o que o Osho ensinou: não sou parte de ninguém nem ninguém é parte de mim. Sou inteira, me pertenço, nasci só, morrerei só.
É pela diferença que me assusta e me dá medo. Medo de não saber quem você é.
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